terça-feira, 6 de julho de 2010

Confesso: Eu li Paulo Coelho


Confesso!

Eu li Paulo Coelho e, graças a Deus, passei da idade de ficar tentando esconder isso. Li Paulo e me deliciei com a história do pastorzinho espanhol e garanto que é talvez mais interessante do que a história do principezinho suicida. Paulo ainda estava inebriado por sensações xamânicas e escrevia com a urgência de quem precisa ser lido, amado e contemplado. O segundo livro dele que tentei ler era estranho - e só ele sabe dizer o porque - tinha perdido a poesia e não trazia exatamente a narrativa apaixonada de quem um dia ocuparia uma cadeira na Academia de Letras. Li umas dez páginas e minha diarista o pediu emprestado, depois disso ela começou a usar sombra lilás e a limpar a casa como se tivesse cumprindo um rito mágico. E isto para mim era mais mágico do que todas as cartilhas escritas nos anos noventa sobre druidas e religiões celtas. Mas além de Paulo Coelho, eu também li Joyce, Camões, Sartre, Hesse, Euclides da Cunha e igualmente li Raquel de Queirós, Sheldon em italiano, aliás em italiano eu li tantos livros proibidos pelo list dos pseudo intelectuais brasileiros que isso me levaria cinqüenta vezes à fogueira ,das vaidades, quero dizer! E quando achei que já sabia o suficiente de italiano, para não ter problemas em morar em Roma, retornei aos autores de minha infância e adolescência, graças à Biblioteca da Embaixada Brasileira na Piazza Navona. E é totalmente inenarrável o sentimento de no inverno italiano, contemplar o pássaro de Cecília Meireles, no ovo de louça azul, num céu límpido do Brasil, pousado no ar. E “com a matéria sutil da noite e da nossa alma” construir sonhos e olhar da janela das recordações, a felicidade do outro lado do mundo, antes de ser sacudido pelo vento da strega e correr para devolver, com a cumplicidade da governanta portuguesa, o livro “emprestado” da vasta biblioteca do palazzo Brasiliano.

Um comentário: