sábado, 17 de julho de 2010

Silêncio


Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto. (Rubem Alves)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Mafalda

Resposta

Resposta

Nem o perfume da terra,
Nem a essência do sopro do mar,
Esconde
O almiscarado perfume da sedução.
Nem o mais recôndito medo,
Faz refrear
O passo da aproximação,
Do querer,
De se entregar
E transcender o universo
Na cavalgada sutil
Dos corpos nus.
E na hora exata,
Na hora que as almas abandonam seus corpos
E naufragam na imensidão do prazer,
Nem a noite, Nem o apagar das velas
São capazes de ocultar,
O olhar,
Aquele olhar da sedução.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Quem disse foi a Leila Diniz!


"Brigam Espanha e Holanda pelos direitos do mar.
O mar é das gaivotas que nele sabem voar.
O mar é das gaivotas que nele sabem navegar.
Brigam Espanha e Holanda porque não sabem que o mar'
é de quem o sabe amar."

A infinitude do mar e da bola

sábado, 10 de julho de 2010


Não era preciso
Que a moça usasse aquele batom
Nem o salto
Nem o perfume barato.
Não era preciso tanto trato.
Era apenas
Uma melodia
A carne fria
As ancas se mexendo...
A chuva caindo
O som da goteira
Ritmando na soleira
Não era preciso
Tanta imaginação.
Tanta minúcia.
Tempo perdido.
Era só a noite.
Só.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

al pederte

"Al perderte...

Al perderte yo a ti
Tu y yo hemos perdido:
Yo por que tú eras
Lo que yo más amaba
Y tú por que yo era
El que te amaba más.
Pero de nosotros dos
Tú pierdes más que yo:
Porque yo podré amar a otros
Como te amaba a ti,
Pero a ti no te amarán
Como te amaba yo."

Ernesto Cardenal

terça-feira, 6 de julho de 2010

Confesso: Eu li Paulo Coelho


Confesso!

Eu li Paulo Coelho e, graças a Deus, passei da idade de ficar tentando esconder isso. Li Paulo e me deliciei com a história do pastorzinho espanhol e garanto que é talvez mais interessante do que a história do principezinho suicida. Paulo ainda estava inebriado por sensações xamânicas e escrevia com a urgência de quem precisa ser lido, amado e contemplado. O segundo livro dele que tentei ler era estranho - e só ele sabe dizer o porque - tinha perdido a poesia e não trazia exatamente a narrativa apaixonada de quem um dia ocuparia uma cadeira na Academia de Letras. Li umas dez páginas e minha diarista o pediu emprestado, depois disso ela começou a usar sombra lilás e a limpar a casa como se tivesse cumprindo um rito mágico. E isto para mim era mais mágico do que todas as cartilhas escritas nos anos noventa sobre druidas e religiões celtas. Mas além de Paulo Coelho, eu também li Joyce, Camões, Sartre, Hesse, Euclides da Cunha e igualmente li Raquel de Queirós, Sheldon em italiano, aliás em italiano eu li tantos livros proibidos pelo list dos pseudo intelectuais brasileiros que isso me levaria cinqüenta vezes à fogueira ,das vaidades, quero dizer! E quando achei que já sabia o suficiente de italiano, para não ter problemas em morar em Roma, retornei aos autores de minha infância e adolescência, graças à Biblioteca da Embaixada Brasileira na Piazza Navona. E é totalmente inenarrável o sentimento de no inverno italiano, contemplar o pássaro de Cecília Meireles, no ovo de louça azul, num céu límpido do Brasil, pousado no ar. E “com a matéria sutil da noite e da nossa alma” construir sonhos e olhar da janela das recordações, a felicidade do outro lado do mundo, antes de ser sacudido pelo vento da strega e correr para devolver, com a cumplicidade da governanta portuguesa, o livro “emprestado” da vasta biblioteca do palazzo Brasiliano.