quinta-feira, 12 de julho de 2012

Valentina



O eu profundo lhe tocado, ela já havia se prevenido dessas e de outras imitações de felicidade, mas era muito difícil sentir esta dilatação nas veias e se resguardar da dor e do prazer. O temor de entrar num barco a deriva esmaeceu depois de experimentar a deliciosa aventura de está nos braços daquele seu amorzinho. Ele, um poeta irresponsável, vagabundo, que viajara o mundo inteiro, apenas carregando uma velha e gasta mochila de exército, já sem cor e sem possibilidades de amarras, e uma flauta ensebada, que tocava depois do sexo. Ela, com sua profunda sabedoria, a cerca da vida. Sempre estivera com homens que dormiam depois do sexo, dando-lhe o espaço necessário para devanear, nestes momentos que eram de verdadeiro prazer, a dançar numa bolha de ar, com o homem ideal, ás margens do rio Sena, ouvindo apenas um sussurro em francês, que certamente, falava do seu amor imaginário, de sua beleza interior e do quanto seriam felizes para sempre, suscetível a estas aventuras, o que era de se esperar de toda mulher sábia, suspirou profundamente. Enquanto pensava nestas coisas o rosto grave de seu amorzinho, que se mantivera obscuro até então, explodiu num facho de luz, contemplando-a e adivinhando seu pensamento. Ele a ergueu e depois de beijar seu pescoço a conduziu para uma dança, girando seu corpo como pluma para dentro de uma música imaginária, de ritmos cadenciados. Ela se sentiu estranhamente assustada, como se aquele momento pudesse lhe trazer um desconhecido perigo. Ergueu seu olhar e bebeu da grande taça de um soberbo prazer, a imaginar lá fora as flores que cresciam na rudeza agreste daquele lugar, embaixo das negras sombras de casas erguidas a serpentearem uma estradinha de barro com pedriscos que rolavam a esmo pelas fendas do tempo. Não pensou em sua timidez, nem na sua nudez, deixou o corpo escorregar para a palha macia, uma fresta no telhado fazia a luz escorrer para seu umbigo, onde se podia ver um balé de poeira, que pousava delicadamente na pele, tampouco pensou nas malvadas paixões de seu amorzinho, comungou com ele a inescrutável estrada para alcançar a divindade e adormeceu na irreverência daquele encontro.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Teu Segredo


Na porta que se abria,
O ultimo refugio...
Ainda o gosto do beijo molhado, tão ao acaso.
Dos dedos tantos segredos
Como  Ariadne,
Emaranhando-se no próprio fio do desejo.

E tem mais liberdade quem sabe guardar seus segredos...
O que seria de nós nos próximos dias...

Ainda aquele beijo
Refugio de uma paixão fugidia
Que se quer sabia que existia...
A verdade crua, que se volta contra nós.
Tantos anos se passaram...
Melhor brincar com o tempo...
Adormecidos
Imaginávamos que correríamos na rua,
molhando o vestido de algodão e o jeans desbotado.
Meu amor!
A Paixão é tanta agonia...

 Noites insones ainda a saborear tua língua
Com aquele sabor de roubado
Ousado.
O que seria de nós naqueles dias?
Nem o manto tênue da mitologia
A nos proteger da servidão do desejo.